19 de outubro de 2012

Pelo Direito De Não Querer Ter Filhos

Esse texto retirado do grupo Gosto de crianças, só não quero ter filhos, de Cássia Soares.
É um pouco longo, mas vale a pena ler...


"Pelo Direito De Não Querer Ter Filhos
...
Por mais que nos consideremos seres livres, estamos presos à
amarras invisíveis que se apoiam na desculpa das tradições
culturais. Ter filhos é uma delas. Por mais que estejamos vivendo
num período em que precon

ceito com quem questiona o padrão
nesse quesito começa entrar em processo de queda, muita gente
ainda te olha como um extraterrestre quando você pronuncia as
palavras: “Eu não quero ter filhos.”
Ter filhos sempre foi uma tradição muito cultuada e esperada na
sociedade. Tanto é que um dos papéis principais de nossas mães e
avós era parir e cuidar dos filhos. Além de cuidar da casa, essa era a
função principal de todas as mulheres – muitas delas nem tinham o
direito de questionar se queriam realmente ser mães. Esse
comportamento se explica pois ele segue a ordem de evolução da
natureza – machos caçam e espalham os seus espermatozóides para
o maior número de fêmeas que conseguirem na vida. A fêmea
aguenta o filhote no bucho, dá a luz, cuida da cria enquanto o macho
sai em busca de alimento. Mas temos que ter muito cuidado ao criar
conceitos tão importantes para nossas vidas, nos baseando na
realidade dos outros animais. As pessoas não precisam mais se
preocupar em reproduzir desesperadamente, porque já
conquistamos nosso espaço como espécie e principalmente pelo
fato que o mundo já está superlotado. Nossa realidade hoje é outra.
Não estou dizendo aqui que as pessoas devem parar de dar cria.
Imagina. As gerações precisam continuar, a economia precisa de
mão de obra jovem, criança é vida. Mas isso não significa que TODO
MUNDO precise fazer isso. Só que algumas pessoas ainda não
perceberam isso, e nem se questionam realmente se se consideram
preparadas para colocar mais um ser no mundo, em questões
financeiras e (principalmente) de sanidade mental. Sério. Tem gente
que não dá conta nem da própria vida e quer mesmo ser
responsável pela criação de uma outra, ou, nos casos mais
dramáticos, de muitas outras. Fico me perguntando: se de repente
não querer ter filhos fosse visto como uma escolha tão comum
quanto não querer pintar as unhas do pé, quantas pessoas teriam
escolhido resolver seus problemas primeiro em vez de envolver
mais um serzindo neles? Ou seja, a questão não é não ter filhos – é
ter o direito de escolher se quer tê-los, sem precisar prestar contas
para um monte de gente.
Há também o caso de mulheres que sofrem preconceito por
decidirem ter filhos mais velhas – vulgo, com mais de 30. Ora, se
hoje as nossas condições de vida permitem que uma mulher de 30
anos esteja no auge de muitas coisas, como podemos dizer que
essas mulheres já estejam ficando velhas de mais para essa escolha?
Sim. Há questões de saúde, mas a medicina tem avançado muito
nessa questão, desenvolvendo alternativas para mulheres que
decidem engravidar mais tarde. Há também a questão da
disposição – uma mãe de 45 anos provavelmente não terá a mesma
disposição que uma de 25, mas como saber se, em questões de
sabedoria, uma mulher nessa idade está muito mais centrada e
certa dos valores que quer passar para um outro ser? E aí o que
vemos são mulheres desesperadas com a possibilidade de não
estarem prontas psicologicamente para gerar outro ser, mas que
ignoram esse fato em nome da pressão invisível que ainda insiste
em clamar que mulher que não teve filhos, não teve real utilidade
para a vida. É aquela velha história “- Você vai mesmo deixar sua
mãe sem netos?”, como se devêssemos fazer uma escolha tão séria
em nome de uma vontade das nossas mães – elas já tiveram as
vidas delas, as chances delas, e já fez as escolhas delas. Agora é a
nossa vez.
A escolha de querer ter filhos precisa vir de dentro (não só do
chamado do corpo, mas também das condições da mente), e não de
imposições sociais ou familiares. Assim como casar na igreja, ou
morar junto, as pessoas precisam entender que a realidade de hoje
é diferente, e que esses conceitos podem e devem ser revistos, para
que sejam ajustados da melhor forma a realidade de cada um –
hoje. Fazer as nossas escolhas em vez de ir pro caminho que o vento
te leva, é a maior garantia de uma vida mais feliz e, o mais
importante, com menos arrependimentos.
"
Blog Casal Sem Vergonha

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